Postado em 25/05/2018
Com abertura ao público neste sábado, dia 26 de maio, a mostra "Muros de Ar", que ocupa o Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza, apresenta 17 projetos arquitetônicos selecionados – entre eles, projetos concebidos para duas unidades do Sesc em São Paulo
Neste final de semana, abre ao público, na Itália, a 16ª Mostra Internacional de Arquitetura, organizada pela Bienal de Veneza. A partir do tema FREESPACE, as curadoras da Bienal, Yvonne Farrell e Shelley McNamara, buscam levantar questões sobre a qualidade do espaço em que vivemos e habitamos, mirando especialmente na consolidação de espaços públicos, abertos e livres.
Os arquitetos Paulo Mendes da Rocha – corresponsável pelo projeto arquitetônico do Sesc 24 de Maio –, Carla Juaçaba e o GrupoSP (Alvaro Puntoni e João Sodré) são os três participantes brasileiros na mostra principal, que conta com 71 contribuições internacionais.
Como nas edições anteriores do evento, há também os pavilhões nacionais. Este ano, 63 países trazem suas perspectivas particulares em diálogo com o mote estabelecido pela curadoria. A ocupação do Pavilhão do Brasil em Veneza, que está, desde 1995, sob responsabilidade dos Ministérios da Cultura e das Relações Exteriores e da Fundação Bienal de São Paulo, teve como curadores convidados os arquitetos Gabriel Kozlowski, Laura González Fierro, Marcelo Maia Rosa e Sol Camacho.
Em cima da proposta das curadoras da Bienal de Veneza – o FREESPACE –, esse coletivo de quatro jovens arquitetos concebeu a mostra "Muros de Ar" para o pavilhão nacional. Dividida em duas frentes, a mostra investiga, de um lado, por meio de dez desenhos cartográficos construídos colaborativamente, fronteiras físicas e conceituais estabelecidas no processo de urbanização do Brasil. Na outra frente, a mostra apresenta – dentre 289 inscrições, de mais de 60 cidades brasileiras – 17 projetos selecionados, em que a arquitetura é utilizada como instrumento para a transposição de barreiras, em "novas e contemporâneas maneiras de se relacionar com a cidade e enfrentar, através da intervenção arquitetônica, condições a priori incompatíveis".*
Vista da participação brasileira na 16ª Mostra Internacional de Arquitetura de Veneza intitulada Muros de Ar no Pavilhão Brasileiro. 23/05/2018 © Riccardo Tosetto / Fundação Bienal de São Paulo
Dos 17 projetos em exposição no Pavilhão do Brasil, em Veneza, dois são para unidades do Sesc no estado de São Paulo. Trata-se das propostas dos arquitetos responsáveis pelo projeto das futuras instalações do Sesc Parque Dom Pedro II, na capital paulista, e de uma reforma para o Sesc Ribeirão Preto, no interior do estado.
Imagem ilustrativa do projeto para o Sesc Parque Dom Pedro II (Sesc/Una Arquitetos)
O terreno dos antigos edifícios São Vito e Mercúrio – demolidos entre 2010 e 2011 –, no centro histórico de São Paulo, está ao norte do Parque Dom Pedro II e foi cedido em 2014 ao Sesc para a construção de uma nova unidade, cuja ocupação provisória oferece já, há mais de um ano, programações regulares.
Vista atual do ocupação provisória do Sesc Parque Dom Pedro II (Foto: Sensoreng)
Exemplo da arquitetura modernista na cidade nos anos 60, o São Vito, que depois passou a ser conhecido, devido à degradação do prédio, como treme-treme, foi construído no final dos anos 50 na Avenida do Estado, de frente para o Mercado Municipal.
Em 2012, o Laboratório de Urbanismo da Metrópole-LUME (FAU-USP), em parceria com os escritórios Una Arquitetos, H+F Arquitetos e Metrópole Arquitetos, publicou um plano urbanístico centrado na melhoria da qualidade de vida de quem habita e utiliza a região, requalificando o espaço público do Parque Dom Pedro II (construído em 1921) e recuperando o patrimônio arquitetônico e paisagístico do entorno, impactados pelo processo de urbanização da cidade que teve início na metade do século XX.
Imagem ilustrativa do projeto para o Sesc Parque Dom Pedro II (Sesc/Una Arquitetos)
Segundo seus autores, o projeto do novo edifício do Sesc Parque Dom Pedro II, elaborado pelo Una Arquitetos, promove a integração direta do espaço com a cidade, sem muros, sem mediações. O volume da edificação, seu número de pavimentos e horizontalidade dialogam com o volume das construções circundantes. A partir do novo edifício, vão se constituir também novas vistas para a cidade, o Mercadão, o Palácio das Indústrias, o centro e a zona leste. Os espaços internos, propícios às permanentes ações programáticas do Sesc, foram pensados em relação ao exterior, com uma transparência convidativa, para que as pessoas entrem e usufruam do local sem perder o contato com a cidade. Pátios arborizados, entretanto, resguardam, no projeto, as atividades internas do tráfego intenso de veículos nas avenidas do Estado e Mercúrio.
Maquete do Sesc Parque Dom Pedro II durante a participação brasileira na 16ª Mostra Internacional de Arquitetura de Veneza intitulada Muros de Ar no Pavilhão Brasileiro. 23/05/2018 © Riccardo Tosetto / Fundação Bienal de São Paulo
Imagem ilustrativa do projeto para reforma para o Sesc Ribeirão Preto (SIAA + HASAA)
A presença do Sesc na cidade de Ribeirão Preto, no norte do estado de São Paulo, praticamente coincide com a fundação da instituição, em 1946. Logo no ano seguinte, uma primeira sede foi estabelecida em um pequeno imóvel na Rua Américo Brasiliense. Na década de 50, o terreno no cruzamento da Rua Tibiriça com a Avenida Dr. Francisco Junqueira foi adquirido e, em 1956, foi inaugurado o prédio projetado pelo arquiteto Oswaldo Corrêa Gonçalves.
Vista atual do Sesc Ribeirão Preto (Foto: Marco Antônio)
Com o passar dos anos e o alargamento do campo de ação do Sesc, a unidade foi incorporando novos espaços. Em 2013, o proposta de reforma e expansão elaborada pela associação dos escritórios SIAA e HASAA venceu um concurso da instituição.
Os arquitetos conseguiram, no projeto, valorizar os espaços de convivência, aprofundando o diálogo aberto da unidade com o entorno. O edifício original de apenas dois pavimentos, desenhado por Corrêa Gonçalves, foi mantido, assim como a piscina descoberta – estruturas que fazem parte já da memória coletiva dos usuários. Surge, então, na proposta, uma nova edificação vertical de planta retangular, ao lado da piscina, destinando equilibradamente diferentes tamanhos de espaço para distintas atividades e oferecendo grandes volumes vazios, de pés direitos variados, e percursos públicos à circulação. Sobre o prédio histórico, estabelecem-se espaços de convívio, em um solário que criará novas relações visuais entre o Sesc e a cidade a sua volta.
Maquete do Sesc Ribeirão Preto durante a participação brasileira na 16ª Mostra Internacional de Arquitetura de Veneza intitulada Muros de Ar no Pavilhão Brasileiro. 23/05/2018 © Riccardo Tosetto / Fundação Bienal de São Paulo
Como lembra o Diretor Regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, "a arquitetura está relacionada aos programas do Sesc, permitindo a fruição do público e a produção de saberes próprios às atividades-fim da instituição". A arquitetura tem função social e, por isso, a ação educativa do Sesc se dá também no modo como suas unidades dialogam com a cidade.
Conheça as programações do Sesc Parque Dom Pedro II e do Sesc Ribeirão Preto.
A 16ª Mostra Internacional de Arquitetura (Bienal de Arquitetura 2018), em Veneza, acontece de 26 de maio a 25 de novembro de 2018.
*Fonte: Edital de Chamamento Público de Projetos para o Pavilhão Brasileiro na 16ª Mostra Internacional de Arquitetura, Bienal de Veneza 2018.