Postado em 23/05/2018
Em sua oitava edição, o Encontro Internacional Boca do Céu vai muito além das histórias: reúne profissionais que conhecem e sabem a importância de expandir o imenso mundo da imaginação, para quem quer que seja.
A participante Malika Halbaoui, nascida no Marrocos e que cresceu na França, contou um pouco de como é esse trabalho e quais as suas expectativas em sua primeira
EOnline: Qual a sensação de vir pela primeira vez participar do oitavo Encontro Boca do Céu? Você já esteve no Brasil?
Malika Halbaoui: Esta é minha primeira viagem ao Brasil e estou muito feliz. Estes encontros criam pontes entre artistas que praticam a "arte da palavra", cada um com o que é e com as ferramentas que possui! Estou animada, curiosa, impressionada - iremos encontrar artistas companheiros com os quais temos muito para compartilhar. Visto daqui, este nome lindo, "Boca do Céu", ressoa como o prenúncio de uma festa, a boca do céu se encontra, se encontra com o conto! Eu trarei minhas histórias e a memória do povo bérbere para o menu.
EOnline: Como é o desenvolvimento de seu trabalho em seu país de origem?
Malika Halbaoui: Nasci no Marrocos, mas cheguei na França quando tinha 3 anos. Sou originária de uma dupla cultura e talvez seja por isso que tenha me tornado contadora. Sou fruto da resiliência. Em mim, a vibração da terra africana ligada ao amor pela palavra, especialmente dos poetas franceses, me acompanham desde a adolescência. Porque, para lutar contra o tédio, eu decorava Arthur Rimbaud. Tornei-me contadora, mas no começo queria ser roteirista. Cheguei a escrever o roteiro de um curta-metragem, que filmei profissionalmente, mas depois disso encontrei Nacer Khémir em um momento crucial de minha vida. De alguma forma, ele pôs meus pés no caminho e me inspirou e incentivou a abraçar essa profissão que pratico há 25 anos agora! Que seja agradecido!
Desde que comecei, conto histórias em todos os tipos de locais, com uma predileção pelos trabalhos que não fazem "barulho", mas tecem a memória e o gosto pela cultura. Já contei em mais de 500 creches, em prisões, escolas, e os encontros e festivais de todos os tempos são bem-vindos. É ali que encontramos nossos pares e trocamos sobre nossa arte e a evolução.
EOnline: Vocês trabalham/já trabalharam com formação de contadores de história?
Malika Halbaoui: Eu faço oficinas de capacitação nas quais os apaixonados pelo conto vêm antes de tudo - se abrem a esta via e se enriquecem com sua substância. A palavra-chave para mim é a criatividade - o conto se torna um meio para afiar a criatividade... O trabalho, quando é vivo e tem sentido, pode interpelar intimamente os participantes da oficina. Oferecer as chaves e incentivar, deixar emergir a paixão e, quem sabe, a vontade de exercer profissionalmente esta paixão.
>> O Encontro Internacional Boca do Céu acontece no Sesc Bom Retiro; confira todas as informações e atividades aqui.