Postado em 11/04/2018
Com direção de Yara de Novaes, o monólogo em primeira pessoa traz a história do autor que foi convidado à cidade de Liubliana, na Eslovênia, para ministrar uma palestra sobre o Mito de Narciso.
Segundo a mitologia grega, o mito refere-se a Narciso, que representa o símbolo da vaidade. Filho do Deus do rio Cefiso e da Ninfa Liríope, ao nascer, Narciso foi alertado pelo oráculo Tirésias que não deveria admirar sua própria beleza, do contrário seria amaldiçoado. Além de arrogante e orgulhoso, durante a jornada ele acabou se apaixonando por si mesmo ao invés de se apaixonar pelas pessoas que o admiravam. Narciso se afogou num rio após ver sua imagem refletida e tentar buscar incessantemente pelo próprio reflexo, até morrer e virar a flor que hoje recebe seu nome.
Em outra leitura do mesmo mito, como a do poeta grego Pausânias, Narciso busca na água não o próprio reflexo, mas sim o da irmã gêmea que morreu. Ou seja, a procura não seria de si mesmo, mas do outro, diz Blanco, diretor da peça.
Foto: Otávio Dantas
Passando pelo Festival de Teatro de Curitiba e agora desembarcando no Auditório do Sesc Pinheiros, o monólogo autoficcional “A Ira de Narciso”, do diretor franco-uruguaio Sergio Blanco, teve sua montagem original apresentada na última edição do Mirada – Festival ibero-americano de Artes Cênicas. “Enlouqueci com a qualidade da montagem e especialmente do texto. Entrei em contato com o Sergio Blanco imediatamente e falei do meu desejo de traduzi-lo e comprar os direitos de montagem para o Brasil”, disse o produtor Celso Curi após assistir a peça no próprio festival Mirada.
A peça é ambientada dentro da suíte número 228, onde o protagonista narra os momentos que antecedem a conferência e os diferentes encontros que tem com um jovem Esloveno que acabou de conhecer. A descoberta de uma mancha de sangue no carpete do quarto irá revelar detalhes de um crime impactante.
Para a diretora Yara Novaes, a peça cria uma reflexão sobre o artista contemporâneo em embate consigo mesmo, com sua criação, o mundo das coisas e a natureza. Dentro de um contexto social onde a autovalorização, ou seja, uma preocupação excessiva com si próprio é tão presente, a peça traz um tema atual e de grande relevância.
Foto: Otávio Dantas