Postado em 28/03/2018
Para um artista gráfico, partir do zero para se concretizar uma ideia pode parecer o mais óbvio; mas e quando o zero não é necessariamente um zero? Confuso? E quando o zero já está carregado de tantas informações, tal qual um HD de computador, que para reduzí-lo a um conceito, o ideal seria fragmentá-lo? Mais confuso ainda...
O ato de rabiscar já é uma tradição. Com uma caneta e um bloco de folhas a frente, o designer gráfico Kiko Farkas procurou rabiscar a história que contaminou suas sinapses durante a criação da identidade visual para a inauguração do novo Sesc Avenida Paulista. Em uma ou duas tentativas, o resultado foi: zero. Não seria desta forma. A identidade que marca a abertura da unidade, nasceu primeiramente no ambiente digital.
“Ela não existe no papel. Ela existe só no universo digital. E no universo digital, a cada segundo ela é criada e nunca se repete.”, afirma o designer.
Kiko é responsável por diversos projetos gráficos, alguns dos quais muita gente já teve contato — como as capas da Companhia das Letras, os cartazes para a Osesp ou eventos como o Jazz na Fábrica. Mas este é o seu primeiro projeto cuja gênese não está nas canetas, tintas ou pinceladas. Inspirado pelos conceitos de arte, corpo e tecnologia, três pontos fundamentais que marcam a inauguração da unidade, a forma foi concebida a partir de uma sequência de códigos e parâmetros.
“Preparamos uma visualização da ideia. Isso seria uma forma. Essa forma seria desenhada por um computador, um algoritmo. E a gente estabeleceria alguns parâmetros [..] e a gente começou a alimentar esta ideia com cor e forma.” completa Kiko.
Para concretizar a ideia, o artista contou com a parceria de Julien Sappa, especialista na criação de algoritmos voltados ao design gráfico. Foram criados layouts analógicos que logo em seguida foram transpostos para códigos gerando uma forma gráfica interativa. Neste processo, até os bugs (as famosas falhas de sistema), foram considerados benéficos, que na visão do designer, são ricas inspirações durante o processo.
“O mais importante é a surpresa. Eu sempre trabalhei com códigos tentando tratar bem dos bugs. E os bugs são fontes de surpresa.”, disse Julien.
Assista ao processo criativo documentado nos vídeos abaixo:
Confira as novidades desta inauguração, que pouco a pouco vão aparecendo por aqui no portal e também na página do Sesc Avenida Paulista no Facebook e Instagram
Lembrando que, a partir de 29 de abril, nos vemos na Paulista!
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Para ouvir:
A playlist Batidas da Cidade Cinza mostra que a urbe é mais que fumaça e concreto. Ouça a seleção de batidas dedicada aos insones da megalópole: