Postado em 07/03/2018
Em meados dos anos 1990, os irmãos Ross e Paul Godfrey se juntaram a Skye Edwards na criação do trio britânico Morcheeba. Agora, como uma dupla, após a saída de Paul e uma breve mudança de nome, o grupo está oficialmente de volta, às vésperas do lançamento de um novo single, “Never Undo”, ao qual tivemos acesso com exclusividade.
Os primeiros shows deste retorno serão os do Nublu Jazz Festival, nas unidades Pompeia e São José dos Campos do Sesc São Paulo, entre 15 e 17 de março, e a EOnline conversou com Ross sobre a retomada do duo, a nova sonoridade e os shows deste mês.
Desde 2013, quando Paul se desligou do grupo, os integrantes remanescentes seguiram com o projeto, sob o nome “Skye & Ross”. Quando foi anunciado que Morcheeba seria novamente o nome da banda, os fãs demonstraram certa confusão, ainda hoje questionando a mudança pela página do Facebook da banda. “Afinal, vocês são Morcheeba de novo?”, disse um fã, ao que eles responderam: “sempre fomos Morcheeba”.
À EOnline, Ross afirma que a fase “Skye & Ross” foi “apenas uma transição” durante a saída do irmão, e que permitiu que eles tentassem uma sonoridade mais orgânica, deixando de lado as batidas mais “pesadas”. “Foi um tempo para nós ‘entendermos’ tudo que estava acontecendo.”
O estilo do grupo sempre se caracterizou por ser de difícil classificação. Já em 1998, no início da carreira da banda, o jornal Independent, do Reino Unido, resumiu: “é Trip-hop? É funk? Não, é Morcheeba”. Soul e blues também já foram adjetivos usados para a musicalidade única que praticam, mas Ross dá a palavra: “acho que tocamos uma espécie de eletro-rock psicodélico”. Sobre o termo “trip-hop”, ele afirma que não gostava no passado, mas que hoje o enxerga como um “guarda-chuva” para diferentes estilos.
No próximo dia 9 de março, a dupla lança seu novo single pela internet, por meio dos serviços de streaming, e já tem um novo álbum também a caminho. A EOnline ouviu com exclusividade a canção. “Never Undo” combina a suavidade da voz de Skye, uma melodia presente, com elementos da eletrônica, e a guitarra de Ross que imprime o soul muito atribuído a diversos trabalhos do grupo. O tom de sensualidade é marcante na faixa, e faz jus à sonoridade psicodélica mencionada por Ross.
Com mais de 20 anos de carreira, o Morcheeba atravessou diversas fases da indústria musical, e também sobreviveu às revoluções do consumo de música no mundo. A banda abraçou a era do streaming, marcando o lançamento do novo single no Spotify. Perguntado se a nova configuração da indústria fonográfica afeta a produção musical, Ross é categórico e afirma que “não muda a forma de composição ou de performance, mas muda o orçamento dos álbuns, já que as gravadoras têm lucrado menos e os artistas têm que financiar seus próprios trabalhos.”
Sobre o Brasil, Ross conta que durante sua primeira visita a São Paulo – que, aliás, é título de uma das músicas da banda -, foi com o irmão a uma loja de discos. Comprou álbuns de Gal Costa, Caetano Veloso, Jorge Ben, Milton Nascimento, Os Mutantes, e muitos outros.
“Enquanto comprávamos, uma mulher muito nervosa da gravadora estava nos apressando porque tínhamos uma entrevista para fazer, mas estávamos no paraíso”, lembra Ross, que completa, enaltecendo a música brasileira: “nunca tínhamos ouvido porque era mais difícil antes da Internet, então era como se nunca tivéssemos ouvido os Beatles ou Rolling Stones e agora tínhamos todos de uma só vez”.
A edição de 2018 do Nublu Jazz Festival conta com o Morcheeba como uma das principais atrações. Ross adianta que o show será “uma viagem”, uma mistura de musicas de seus trabalhos prévios e materiais inéditos do próximo álbum, e garante que a banda chega com uma nova energia: “não fumamos mais tanta maconha, mas bebemos bastante tequila”, ironiza Ross.
Os ingressos para o show no Sesc Pompeia estão esgotados. Ainda há disponibilidade para a apresentação no Sesc São José dos Campos.
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