Postado em 04/01/2018
Desde dezembro, está em cartaz no Sesc Pinheiros A Canção da Terra, ópera composta por Gustav Mahler [1860 – 1911], maestro e compositor austro-húngaro, nascido em Kalischt, Bohemia, atual República Checa. Com direção de Yoshi Oida, o espetáculo, cujo nome original é Das Lied Von Der Erde, conta com música ao vivo do Ensemble Instituto Fukuda, sob regência da maestrina Érica Hindrikson.
Foto: Matheus José Maria
Mas você sabe o que é ópera?
Do italiano opera in musica (trabalhar com música), ópera é uma montagem teatral dramática acompanhada por aberturas e interlúdios orquestrais, onde os diálogos são parcialmente ou integralmente cantados. Surgida na virada do século 17 a partir da efervescência musical em Florença (Itália), onde grupos de músicos tentavam replicar uma forma de teatro grego com drama e música combinados, a ópera tem, como um dos seus principais elementos, o canto virtuoso.
Com inúmeras formas e abordagens, ela pode ser intimista ou grandiosa, mas o denominador comum de todas elas é a presença da música e do drama entrelaçados, cada um potencializando a intensidade do outro.
Para entender o contexto de uma ópera, é recomendado, antes da apreciação do espetáculo, familiarizar-se com a história que será apresentada. Para A Canção da Terra, apresentada em alemão, é disponibilizado ao público o livreto com as letras das músicas em português.
Foto: Matheus José Maria
A canção de Yoshi Oida
Composta por Mahler como um ciclo de seis canções, A Canção da Terra é baseada em poemas chineses de Tai–Po, Tchang–Tsi, Mong–Kao–Yen e Wang–Wei, entre outros poetas do século 13, que descrevem as antíteses constantes da vida, da beleza da natureza e da própria Terra, em contraponto à solidão, nostalgia, melancolia e a morte como destino inexorável. No palco, esses elementos são representados por uma mulher que, no jardim zen de um templo budista, lamenta a morte da filha e, ao encontrar o pai da criança, partilha com ele o luto.
Yoshi Oida dirige o espetáculo, entrelaçando elementos orientais e a música sinfônica, aliados às interpretações do tenor Miguel Geraldi e da soprano Masami Ganev, em diálogo com a performance dos atores Fabrício Licursi, Gum Tanaka, Jimmy Wong e Toshi Tanaka, que interpretam monges budistas. Com cenário e figurinos de Tom Schenk, a linearidade cênica idealizada por Oida dá vida à criação desta obra introspectiva, melancólica e reflexiva de Gustav Mahler.
Nascido no Japão e radicado em Paris, Oida é ator, diretor e autor. Teve formação no teatro tradicional japonês antes de ir para França, em 1968. É reconhecido como um dos principais colaboradores do encenador inglês Peter Brook por meio das diversas peças que fizeram juntos, mas também pelos filmes em que participou, como na versão cinematográfica do O Mahabharata, do próprio Brook, além de O Livro de Cabeceira, de Peter Greenway, e mais recentemente Silêncio, de Martin Scorsese. Seus livros sobre técnicas de interpretação Um Ator Errante, O Ator Invisível e Artimanhas do Ator tornaram-se referência na área e foram traduzidos em diversas línguas.
Somada à sua vivência e formação no secular teatro Noh japonês, Oida leva ao palco do Sesc Pinheiros muito da sua experiência adquirida nos diversos teatros em que atuou pelo mundo.
Foto: Matheus José Maria
>> Saiba mais
Em versão de Mahler, japonês Yoshi Oida busca beleza em cortejo fúnebre - de Maria Luisa Barsanelli, para a Folha de São Paulo
Crítica: Yoshi Oida faz reinvenção com a 'Canção da Terra', de Mahler - de João Marcos Coelho, para o Estado de São Paulo
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