Postado em 22/11/2017
Bowie, Devo, Joy Division, Nina Hagen, Mercenárias, todos têm morada na sonoridade desenvolvida por Fabiano Boldo, Marcelle Equivocada e Samuel Fraga. Com esses elementos, o trio cria uma atmosfera de futurismo retrô. Cada nota, tirada de cada instrumento, cada efeito e cada distorção, parece cuidadosamente calculada para guiar o ouvinte em uma viagem a uma dimensão paralela, a qual somos lançados ao ouvir as faixas de Olympyc – disco que, em breve, estará disponível nas plataformas de streaming e fisicamente.
Nesse universo, o ar é rarefeito. Apineia abre fazendo a aclimatação. Os quase silêncios pelo qual o álbum é entrecortado se fazem tão marcantes quanto os sons, produzem a descontinuidade que caracteriza e dá personalidade ao trabalho. O fôlego falta e uma certa angústia prazerosa se impõe.
O invulgar do som é refletido na performance da banda ao vivo. Música após música os integrantes se revezam trocando os instrumentos. Não há posição fixa: baixo, bateria, guitarra, sintetizador e voz são freneticamente alternados.
Ouvir Olympyc é se deixar levar nessa viagem por esses seres insólitos.
Fernando Lima
Programador de música e literatura no Sesc São Paulo. Formado em Letras pela FFLCH-USP, trabalha com produção musical desde 2007, passando pela Orquestra Sinfônica da USP e pela Emesp Tom Jobim (Escola de Música do Estado de São Paulo). Entre seus trabalhos mais recentes, no Sesc São Paulo, foi co-curador do projeto "Lira Paulistana: 30 anos. E depois?" e do projeto "Contaminações". Escreve no blog musical Ultrasom.
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Bom para acompanhar você quando estiver correndo, com saudade do Angeli e do Laerte dos anos 80 e outras cositas más. Chega mais!