Postado em 16/10/2017
Áudio traduzido para o português
Áudio original
“Manifestar-se é um gesto. Pode ser um gesto de dança e pode ser um gesto de violência também, de revolta.” – Georges Didi-Huberman, filósofo, historiador da arte e curador de Levantes
Na conferência “Imagens e sons como forma de luta”, transmitida ao vivo na terça-feira, 17 de outubro, o filósofo francês e historiador da arte Georges Didi-Huberman não fez uma simples fala de abertura, na condição de curador da exposição Levantes. Como professor catedrático, deu uma aula magna sobre tudo que insurge, abordando o pensamento filosófico sobre sair do lugar-comum, algo que dialoga com o atual momento brasileiro: “Não há levantes sem sons (músicas, hinos) e sem imagens. Eles são inventados e brandidos a qualquer custo, apesar das dificuldades a enfrentar”.
Um dos grandes intelectuais franceses de sua geração, Didi-Huberman abordou em sua fala as dimensões estéticas das forças individuais e coletivas que são invocadas nos levantes, buscando evidenciar aquilo que arde nas imagens surgidas desses acontecimentos. Nessa tentativa, procurou resgatar diferentes gestos de insurgência que revoltam o mundo ou que contra ele se levantam – impulsos que mobilizam ações e paixões, fulgurando-se numa constelação de obras por meio de imagens, palavras ou pensamentos.
A exposição
No dia seguinte, 18 de outubro, o Sesc Pinheiros inaugura Levantes, mostra transdisciplinar em que são demonstradas as múltiplas maneiras de transformar quietude em movimento, submissão em revolta, renúncia em alegria expansiva, a partir das reproduções de fotografias de Marcel Duchamp, Man Ray, Cartier Bresson e Gilles Caron, dos textos de Marcel Foucault, Baudelaire e André Breton, das instalações de Lorna Simpson, dos vídeos de Allan Sekula, da poesia dos Manifestos Pau-Brasil e Antropofágico de Oswald de Andrade e do movimento dos parangolés de Hélio Oiticica, dentre outras obras.
Realizada pelo Sesc em São Paulo em parceira com Jeu de Paume – histórica instituição, localizada em Paris, que tradicionalmente acolhe exposições de arte e fotografia –, a mostra tem apoio da Embaixada da França no Brasil e do Institut Français.
Levantes seguirá em cartaz até janeiro de 2018, desdobrando-se também em livro homônimo publicado pelas Edições Sesc e em diversas programações complementares.