Postado em 05/10/2017
De um lado, uma alma que sentiu o peso do mundo, suas dores e sofreu na pele a miséria e o abandono. Usou sua voz como forma de sobrevivência. Viveu intensamente. “Piaf é resiliência”.
De outro lado, a alma de um poeta, um visionário, perseguido e exilado. Revolucionário na forma de pensar o teatro. Um olhar profundo para as relações humanas. “Brecht é do mundo”.
Um choque entre realidades: a cantora e o dramaturgo. Piaf e Brecht viveram em períodos distintos do século XX, mas eternizaram suas obras pelo mundo. Em comum: a paixão pela arte.
Um encontro inusitado, imaginado e idealizado se resulta no espetáculo A Vida em Vermelho - Brecht & Piaf, que passou pelo Sesc Santo André, Sesc Santo Amaro, Sesc Jundiaí e agora ganha duas sessões no Sesc Araraquara.
No texto de Aimar Labaki e direção de Bruno Perillo, Letícia Sabatella dá vida à Edith Piaf, enquanto Fernando Alves Pinto interpreta Bertolt Brecht. Esse embate de ideologias é contado com humor, descontração e debate. “É muito formador você fazer Brecht, você fazer Piaf. Poder trabalhar com o repertório desses grandes ícones é uma formação, algo que ensina mais como ator, mais como instrumento, mais como ferramenta. Isso me afina, exige outras colocações e uma maturidade na voz que é algo que eu busco bastante. É muito instigante”, relata Sabatella sobre esse novo trabalho desafiador.
O cenário é de um antigo cabaret. A música dá ritmo para as conversas sobre suas vidas, obras, anseios, angústias, medos, sonhos e realizações. Tal música ecoa e transcende. Não é necessário um ouvido singular para captar a profundidade de sensações envolventes.
Piaf é resiliência e Letícia a atriz que se diverte em cena e defende sua personagem o tempo todo, como uma espécie de alter ego.
Brecht é do mundo e Fernando o ator curioso que tem essa vontade de desbravar todo o planeta.
Para Bruno Perillo, Piaf e Brecht representam figuras opostas em suas maneiras de viver, pensar e sentir o mundo. “Nosso mundo se encontra exatamente assim: rachado e dividido”. Nada melhor do que expor num palco essas contradições e lançar um olhar profundo sobre elas. O encontro é usado para evocar uma série de temas importantes tanto para o Brasil como para o mundo contemporâneo.
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Sesc ao pé do ouvido
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Bom para acompanhar você quando estiver correndo, com saudade do Angeli e do Laerte dos anos 80 e outras cositas más. Chega mais!