Postado em 20/09/2017
O lançamento do catálogo fotográfico da exposição “Variações do Corpo Selvagem: Eduardo Viveiros de Castro, fotógrafo”, reúne no próximo dia 26/9 no Sesc Ipiranga, o pesquisador Eduardo Viveiros de Castro e os curadores da mostra, Eduardo Sterzi e Veronica Stigger, em um evento composto por bate-papo, assinaturas e a performance “Involuntários da Pátria”, leitura cênica dos textos de Viveiros realizada pela atriz e diretora Fernanda Silva.
A ideia da exposição surgiu quando os curadores Eduardo Sterzi e Veronica Stigger notaram a relevância do trabalho fotográfico que Viveiros apresentava em seus livros, e tendo duas linhas de pensamento, balizaram o material pelo período em que o antropólogo colaborou com artistas ligados à contracultura, como o cineasta Ivan Cardoso, o artista plástico Hélio Oiticica e o poeta Waly Salomão; e do outro lado pelo acervo etnológico desenvolvido junto aos índios Araweté, Kulina, Yanomami e Yawalapíti. O corpo, que por si só é fotografável, ganha na íris de Viveiros de Castro uma multiplicidade plástica que extravasa a previsível narrativa ocidental, e a variabilidade desse corpo é o cerne da exposição que transcendeu os espaços expositivos do Sesc Ipiranga, e alcançou pontos comerciais do bairro e trechos do Parque da Independência.
Eduardo Viveiros de Castro, fotógrafo.
“No Brasil todo mundo é índio, exceto quem não é”, a frase perturbadora do pensador reverbera muito dos seus estudos sobre a questão indígena no Brasil. Em seu trabalho como etnólogo, Viveiros pode registrar imagens de diversas tribos brasileiras, e propôs diversas discussões como o “perspectivismo ameríndio” e o viés ontológico da definição indígena. Eduardo Batalha Viveiros de Castro nasceu em 19 de abril de 1951, no Rio de Janeiro. Cursou a graduação em Ciências Sociais pela PUC-RJ e, em 1974, ingressou no Programa de Pós-graduação do Museu Nacional (UFRJ), com um projeto de Mestrado em Antropologia Urbana. Dois anos depois, em uma breve visita à tribo dos Yawalapíti, teve seu caminho desviado para a etnologia indígena. “São fotos de pausas, minhas e deles, de quando eu deixava o bloquinho de lado e me permitia olhar um pouco em volta”, explica o antropólogo sobre a captura das imagens.
Ao lado do cineasta Ivan Cardoso, Eduardo pode trabalhar como fotógrafo de cena e argumentista, registrando os clássicos: O segredo da múmia (1982), o documentário HO (1979), sobre Hélio Oiticica, e outros trabalhos filmados pelo cineasta na década de 1970. Numa captura que ainda não compreende o universo indígena, Viveiros fez registros do poeta Waly Salomão e da líder comunitária Nininha da Mangueira. Esses dois olhares convergem num pensamento mais amplo sobre a compreensão do corpo e sua visualidade, e estas perspectivas se alinham editorialmente no catálogo sobre a exposição.
A performance
A performance “Involuntários da Pátria” foi criada por Sonia Sobral e Fernanda Silva em julho de 2016, a partir de encontro em residência artística no CAMPO Arte Contemporânea, em Teresina, PI, tendo por disparadores os marcos de 17 abril de 2016, impeachment de Dilma Rousseff pelos deputados federais, e 20 de abril de 2016, quando o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro proferiu uma aula pública nas escadarias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A performance é baseada no texto de Viveiros publicado pela editora n-1 na série Pandemia e foi concebida por Fernanda Silva e Sonia Sobral.
Fernanda Silva é trans, atriz e diretora; conduz há 23 anos o Grupo de Teatro Metáfora que, desde 2005, mantém o Teatro Metáfora como espaço de resistência em Parnaíba, litoral do Piauí. Sonia Sobral é gestora cultural de artes cênicas. Atualmente integra grupos de pesquisas cênicas e dramaturgias.
O lançamento começa às 20h com um bate-papo entre oantropólogo Viveiros de Castro e os curadores da exposição e do catálogo: o escritor, crítico literário e professor Eduardo Sterzi e da escritora, crítica de arte e professora Veronica Stigger. A entrada é gratuita, com retirada de ingressos 1 hora antes na bilheteria da unidade.
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Bom para acompanhar você quando estiver correndo, com saudade do Angeli e do Laerte dos anos 80 e outras cositas más. Chega mais!