Postado em 11/09/2017
Desde 2017, o CineSesc tem trazido ao público a experiência do cinema em película através da exibição de filmes em formato 35mm, rememorando a fotografia em movimento. A maioria dos filmes foi produzida nessa segunda década do século XXI, o que pode parecer um contrassenso diante da facilidade da produção e da circulação de formatos digitais.
Orlando Margarido, vice-presidente da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE), comentou um pouco dessas relações: “Caro e proibitivo a uma produção em massa da indústria cinematográfica, o 35mm perdeu a corrida para a tecnologia digital, considerado mais democrático, e se tornou material de saudosa memória para os cinéfilos”. Para cinéfilos saudosos ou para um público curioso e interessado, no CineSesc o 35mm é exibido em toda sua textura na tela grande.
Os filmes exibidos na Sessão 35mm variam muito em seus temas e gêneros. O primeiro filme escolhido foi – talvez com um pouco de ironia – O futuro, de Miranda July. Em maio, o destaque foi o filme russo Almas silenciosas, enquanto O estranho caso de Angélica do diretor português Manoel de Oliveira, que tem a questão da imagem com central, foi exibido em junho. No mês seguinte, o olhar para o passado não era apenas uma questão de técnica. O documentário Nostalgia da Luz, do chileno Patricio Guzmán, que nos leva a pensar no passado do Chile e da América do Sul por uma diferente perspectiva. Em setembro, a Sessão 35mm apresentou uma produção da década de 1980, com direção dos Irmãos Coen: Gosto de Sangue. Esse thriller recebeu atenção principalmente em festivais de cinema independente e abriu caminhos para outras produções perturbadoras da dupla Joel e Ethan Coen.
Em dezembro, o filme Amor à flor da pele foi o repeteco na Sessão 35mm. O filme do diretor Wong Kar-Wai foi exibido também em novembro e permitiu a muita gente apreciar uma história de amor na tela do CineSesc. Já na toada da Retrospectiva do Cinema Brasileiro, que chegou à sua 18ª edição, o longa-metragem Serras da Desordem também foi exibido em seu formato analógico com a presença da montadora e curadora da retrospectiva Cristina Amaral.
Os trabalhos de 2018 foram abertos com um clássico marginal: o primeiro longa-metragem de Rogério Sganzela - O Bandido da Luz Vermelha - que completou 50 anos de lançamento em 2018. Inspirado na história real do assaltante João Acácio Pereira da Costa, a obra trouxe para a tela do CineSesc as atuações de Paulo Villaça, Helena Ignez, Sérgio Mamberti e Sônia Braga. E, agora, em julho, o cinema brasileiro poderá ser revisto em 35mm no filme de Gustavo Dahl, O bravo guerreiro. A obra será exibida no dia 12 de julho, às 21h, com apresentação de Ismail Xavier e Catarina Dahl.