Postado em 29/08/2017
Nos dias (31/8 e 1/9), França e Brasil se encontram nas mãos de Thierry Miroglio e Joaquim Abreu, e nos pés de Sophie Jegou e Gícia Amorim. Inspirado nas variações eletroacústicas e em movimentos da dança contemporânea, o espetáculo Mutações estreia no Sesc Pompeia.
Elaborado de forma coletiva, os movimentos e arranjos musicais carregam as referências de cada artista e seus conhecimentos de mundo. O resultado é um espetáculo com diferentes estéticas contemporâneas, sonoridades e um diálogo com compositores, coreógrafos, intérpretes e artistas visuais.
Dança como arte independente
O coreógrafo e bailarino norte-americano Merce Cunningham (1919 - 2009) foi a inspiração para o conceito coreográfico de Mutações. Sua carreira iniciou-se nos anos 40 na icônica companhia de Martha Graham, bailarina revolucionária para a história da dança. Após essa experiência, fundou sua própria companhia.
Merce Cunningham Dance Company em 1961. Foto: Robert Rauschenberg - mercecunningham.org
Suas criações autorais eram abstratas e minimalistas. A música – que poderia ser instrumental e até eletrônica – servia como acompanhamento aos movimentos dos bailarinos. Esses elementos viraram seu método registrado, em que a dança é vista como forma de arte independente, que embora ocorra ao mesmo tempo em que a música, é sujeito de sua própria ação.
Na elaboração de Mutações, Sophie Jegou e Gícia Amorim compartilham elementos de formação e conceitos coreográficos inspirados em Cunningham, referência que norteou a formação em dança de ambas.
Percussão eletrônica!
A parceria entre Joaquim Abreu e Thierry Miroglio começou nos anos 90. Junto com o músico Carlos Tarcha, fundaram o Trio Franco Brasileiro de Percussão, com o qual se apresentaram nos principais teatros brasileiros e europeus.
Nos anos 2000, já como duo, fizeram parcerias com a soprano brasileira Andrea Kaiser, o clarinetista Paulo Passos e a pianista francesa Ancuza Aprodu, interpretando obras de compositores consagrados, de produções nacionais e internacionais.
Em Mutações a dupla de percussionistas tocam obras dos compositores Luiz Carlos Cseko, Bruno Montovani, Gerard Grisey e Paulo C. Chagas.
O músico francês Thierry Miroglio. Foto: Divulgação
Confira abaixo o programa do espetáculo
Luiz Carlos Cseko: “Noite do Catete 5, Homenagem aos grandes capoeiristas da Bahia dos anos 50". Para um percussionista, tape pré-gravado com grandes mestres do berimbau, light design e dança com a bailarina coreógrafa Gícia Amorim.
Bruno Montovani: Le Grand Jeu para um percussionista, sons eletrônicos e dança com a bailarina coreógrafa Sophie Jégou.
Gerard Grisey: Stèdele para dois percussionistas.