Postado em 30/08/2017
Na região central de São Paulo, um casarão centenário na Rua dos Ingleses se tornou morada de capítulos da história de um dos endereços mais tradicionais de São Paulo: o Bixiga. Na parte alta do bairro, uma casa abandonada foi restaurada por voluntários do Museu Memória do Bixiga, que transformaram o espaço na nova sede da instituição. Fundado em 1981 pelo agitador cultural Armando Puglisi (1931-1994), o Mumbi dedica-se a preservar a memória afetiva dessa região da cidade para onde se dirigiu grande parte dos imigrantes italianos.
Tombada pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), a casa de fachada amarela, nº 118, provê infraestrutura para o acervo de mais de mil itens. São objetos, recortes de periódicos, eletrodomésticos, fotografias e outros relicários. Peças que contam episódios da vida e do dia a dia do bairro fundado em 1878.
Mais espaçosa que a primeira sede, nela moradores e turistas são convidados a entrar numa máquina do tempo. Entre alguns achados dispostos no térreo do casarão estão: uma geladeira de mais de um século, correspondências de combatentes da Segunda Guerra Mundial, e até mesmo um par de luvas do veterano pugilista Pedro Galasso, “O Piranha”, outrora morador do bairro.
Memória e música
Um acervo, em especial, é o que mais desperta frisson. Uma singela gravata borboleta, uma echarpe, um chapéu e um isqueiro de ninguém menos que Adoniran Barbosa (1910-1982) ficam guardados em um expositor de vidro e madeira em frente à escadaria. Mesmo sem ter residido no bairro, era por ele que o compositor flanava e escrevia canções que marcariam para sempre a memória do Bixiga.
Domingo nós fumo num samba no Bexiga
Na Rua Major, na casa do Nicola
À mezza notte o’clock
Saiu uma baita duma briga
Era só pizza que avuava junto com as brachola (...)
(Um Samba no Bixiga, de Adoniran Barbosa)