Postado em 12/07/2017
O Sesc Pompeia apresenta durante os dias 13, 14 e 15 de julho algumas vertentes da cena do DUB, com shows de Dubversão Sistema de Som encontra MonkeyJhayam (quinta-feira), Feminine HI-Fi + Laylah Arruda com Dubdubom (sexta) e Victor Rice + Vitrola Adubada (sábado).
Para ir aquecendo, confira abaixo a playlist que preparamos!
Ritmo que vem de longe
Soundsystem tradicional na Jamaica. Salvo de schallplatten.tumblr.com
Surgido na Jamaica no final da década de 1960, o dub é uma das ramificações do reggae e está ao lado de vertentes como ska, steppa, dancehall e roots – este último, o mais conhecido por ter Bob Marley como seu precursor.
Com a comercialização de discos de reggae, vendedores colocavam caixas de som e o equipamento ao lado de fora da loja de discos para que os compradores conhecessem novos sons. A prática se tornou um evento e, dela, começaram a surgir disputas entre produtores, que remixavam os tunes (ou singles), dando-lhes uma nova versão. Geralmente são retiradas as vozes e são ressaltados o baixo e a bateria; além de serem adicionados efeitos especiais, como barulhos de tiro, sirenes, sons de animais e etc.
Quando os jamaicanos migraram para os EUA, a técnica virou base para a música eletrônica e também o rap. No Dub os "improvisadores" (freestylers no rap) são chamados "toasters". Os "rimadores" (rappers) são chamados de "DJ" e os DJs são "selectors" ou "selectas". No Brasil, o termo virou “seletores”.
Conexão Brasil – Jamaica
Dubdubom e Laylah Arruda. (Foto: Divulgação)
Conversamos com a cantora de dub paulistana Laylah Arruda para entender o contexto do dub no Brasil. Ela explica que embora o Maranhão seja conhecido como a “Jamaica Brasileira”, já que o reggae por lá é um movimento cultural de mais de 40 anos e que inspirou outros estados do nordeste, no resto do país a situação foi diferente: “O restante do Brasil tem falado de reggae há pouco mais de 15 anos e vejo um crescimento exponencial nos últimos anos. Muitos sistemas de som surgindo, muitos coletivos, novos(as) cantores(as), novos(as) produtores(as) de instrumentais (riddims)... Quando no começo éramos poucos e algumas vezes até combinávamos quem iria tocar em qual fim de semana, já que o público também era pouco”, explica.
Garotas no DUB!
Feminine Hi-Fi. (Foto: Divulgação)
A cena do Dub é predominante masculina desde sua origem, mas isso tem mudado. Laylah Arruda, por exemplo, inclui em suas composições ideias feministas e foi uma das fundadoras do projeto Feminine HI-Fi, formado e com seleções organizadas inteiramente por mulheres.
No Feminine HI-Fi os vinis são escolhidos pelas próprias seletoras, sempre transitando pelo estilo que cada uma mais se identifica: “Essa é uma cena musical que sempre foi protagonizada por homens, e com pouco e mínimo espaço para a representatividade feminina, por vários fatores. Ter um projeto focado no cenário sound system e que contemple a mulher é uma quebra de paradigma, abrindo espaço para a atuação mais ampla e para a discussão sobre a necessidade dessa inserção da figura da mulher, de forma a trazer equidade nos line-ups”, conclui Daniella, participante do projeto.