Postado em 23/06/2017
É fato que a trajetória de um homem diz muito quem ele é. Amyr Klink: empresário, escritor, inventor, planejador e navegador dos sete mares. Foram inúmeras viagens e mais 250 mil milhas em águas conturbadas e desafiadoras. Um ícone de inspiração para aqueles que sonham em conhecer o mundo. Não é fácil. É preciso enfrentar todos os medos, superar desafios e continuar. Seguir em frente é a lei.
Navegar é uma arte. Um interesse que teve início desde muito cedo, quando Amyr ainda era criança e começou a se interessar pela magia dos oceanos, por meio da literatura. O curioso é que apesar de ter nascido em uma cidade litorânea, Paraty não contribuiu para o desejo de desvendar o globo. Livros têm o poder de fazer as pessoas sonharem alto, e foram justamente as histórias náuticas que despertaram o que navegador nasceu para ser.
Da mesma forma que os livros sempre estiveram presentes, Amyr decidiu ser seu próprio autor. O relato autobiográfico “Não Há Tempo a Perder” é seu último título lançado. Lá ele revela que mais solitário ainda do que viajar sozinho no mar, é escrever. “É um processo onde você tem que se isolar. É muito sofrido, mas é também muito gratificante”.
E entre um momento de solidão e outro, a jornada do empreendedor conta com sua esposa e suas filhas. De fato, uma família de aventureiros. Marina Klink é fotógrafa ambiental e especializou-se em retratar o mundo pela perspectiva da sustentabilidade. É também autora de “Antártica – Um Olhar Nômade”, com fotos de suas viagens pelo continente. A paixão nasceu há 25 anos quando a Antártica era um lugar quase utópico. Marina fala que a experiência mexeu com ela por causa das paisagens remotas, da ausência de seres humanos e da conexão com a natureza:“Foi uma viagem transformadora. Mas eu não sabia como multiplicar aquela experiência, o que aconteceu mais de 10 anos depois. E a primeira maneira que encontrei foi através da educação que dei para nossas filhas. Elas sempre dizem que o pai as colocou no veleiro, mas a mãe as colocou nos palcos. E foi assim que passei a compartilhar a verdade na qual eu acredito. Na minha missão da preservação da vida”, compartilha a fotógrafa e mãe das três meninas.
O casal deixa claro que se quisermos construir uma história temos que começá-la de um modo ou de outro. E trajetórias e escolhas dirão quem você é. São essas lições que os Klink deixam de legado.
“O mar me ensinou que na vida não se tem atalhos. A gente vive em um mundo hoje em que todos querem ser espertos, passar a perna no outro e cortar caminhos... A gente vive essa ansiedade de pular as etapas e já querer chegar ao topo, fazer sucesso logo de cara, mas esse recurso não existe no mar. Não tem como cortar caminho, pular degrau. Não tem como querer ser mais esperto. Então é um processo muito rico de aprendizado. Você tem que ir fundo, ter paciência, pois nem sempre você vai poder ir pelo rumo pelo qual precisa ir, mas você vai ter que ir até chegar. É um processo em que a gente vai se despindo um pouco de alguns vícios de convivência, de comportamento, de uma certa intolerância que ficou muito frequente no mundo moderno, pois é muito fácil ser intolerante quando você se protege atrás de um teclado ou uma mídia... Quando se está no mar não tem isso, não tem esses revestimentos. Você é obrigado a enfrentar os problemas, ter paciência e resolver. Isso formam indivíduos diferentes”, compartilha o navegador.
E Marina, apaixonada por lugares sem a interferência humana, tem como objetivo que sua fotografia faça com que, mesmo aqueles que nunca tenham visitado a Antártica, se sintam impactados pela imagem e se sensibilizem com a importância da preservação da vida. “Esta é uma das formas que encontrei de levar adiante um legado que visa a responsabilidade pela conservação da natureza”, encerra.
Amyr e Marina Klink são os convidados da edição de junho do “Sempre Um Papo” no Sesc Santo André. O encontro será no dia 28/6, às 20h.