Postado em 09/03/2017
O que é videoarte?
Formas geométricas geradas por um software movimentam-se acompanhando o ritmo de uma música qualquer.
Piração ou arte?
Um vulto parado. Um perfil humano preenchido por projeções de árvores e nuvens. Frio, fumaça e flores que se perdem em um fundo branco sem vida e sem graça. O que isso te diz?
Um corpo seminu enfeitado com pedras de gelo ouve instruções de uma narradora não identificada. Corrija sua postura. Não está entendendo os objetivos.
Um rosto que ri. (Ou sorri).
Arte?
O óleo que não se mistura. Quase dois minutos de atração e repulsa. Rostos de pessoas das mais variadas etnias maquiam-se. Expressões repletas de nada. Música melancólica.
Vazio, assimetria, maquiagens borradas dialogando com palhaços tristes.
O que isso significa para você?
Você tá ai?
Enfim, o que é videoarte?
Será preciso ilustrar? Vamos lá.
Decay, de Ata Mojlish
Tulio papa, de Lygia Pape
Music Non-Stop, do Kraftwerk - Direção de Rebecca Allen
Mas vamos lá: Criada no fim dos ano 60, a videoarte surgiu em grande parte graças ao barateamento das tecnologias de gravação de áudio e vídeo, o que permitiu sua adoção fora das grandes companhias e emissoras.
Ao longo do tempo, criadores e artistas de diversas áreas testaram as possibilidades das gravações e mixagens, cortes e edições, cores e luzes, criando uma linguagem artística tão diversa que torna difícil definir o que é experimentalismo com vídeo, o que é simplesmente gravação em vídeo e o que é a videoarte.
E quem parece ter começado tudo isso foi Nam June Paik, que em 1968 teve uma ideia artística que envolvia pequenas telas de TV e, por isso, levou o crédito pela paternidade da videoarte.
E se no início as obras de videoarte precisavam se limitar ao que os monitores, câmeras e videotapes permitiam, a evolução da computação gráfica fez com que a videoarte e os grafismos digitais se fundissem em novas formas quase lisérgicas de experimentação artística.
No Brasil, além de Lygia Pape, artistas como Hélio Oiticica, Marcello Nitsche, Rubens Gerchman e Iole de Freitas, entre vários outros, se aproveitaram da videoarte como uma forma de expandir suas experiências com as artes visuais; segundo a Enciclopedia Itau Cultural, o equivalente brasileiro de Nam June Paik é Antonio Dias, tido como o desbravador desta forma de expressão no país.
Desde 1991 a Associação Cultural Videobrasil vem montando um acervo que busca criar um repositório da criação da videoarte no Brasil e, em parceria com o Sesc, realiza desde 1983 o Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil.
Todo o acervo e os Festivais deram origem ainda ao programa Videobrasil na TV, que o SescTV exibe em sua programação com documentários e entrevistas de criadores de todo o país, além do que se convencionou chamar de Sul geopolítico do mundo – América Latina, África, Leste Europeu, Ásia e Oriente Médio.