Postado em 20/02/2017
Durante os meses de janeiro e fevereiro, o Sesc Bom Retiro realiza a oficina “Máscaras e Bonecos Gigantes de Zé Pereira”. Surgidos há quase cem anos, em Pernambuco, esses bonecos são uma das mais tradicionais formas de manifestação popular do país. O boneco Zé Pereira é confeccionado em corpo de madeira, cabeça de papel marché e mede cerca de dois metros de altura.
O instrutor do Sesc, organizador da atividade e artesão Sergio Segal, nos concecdeu uma entrevista explicando o histórico da atividade e como é a confecção do boneco do Zé Pereira.
Ele conta que trabalha com cenografia carnavalesca há mais de 10 anos e explica que o nome Zé Pereira indica um tipo do cortejo. Desde a época dos portugueses, qualquer tipo de encontro com tambores, zabumbas e o próprio bonecão– que puxa o bloco – sempre foram caracterizados como elementos emblemáticos para os foliões. Quando iniciou seu trabalho com a confecção dos bonecos, Segal não teve condições de ir até Recife, então começou uma pesquisa sobre as origens do bloco. Ele descobriu que a tradição se espalhou pelo Brasil e que ela também faz parte de carnavais de outras regiões, como o Vale do Paraíba, em São Paulo, e Ouro Preto, em Minas Gerais.
O Zé Pereira é o personagem central dos cortejos, porém existe uma democracia para que os foliões desenvolvam outros bonecos gigantes e de outros personagens. Com o passar do tempo, cada bloco tem suas especificidades. Ele cita que Câmara Cascudo, descreve que existe inclusive o ritmo do Zé Pereira: na subida ele é mais lento e na descida fica mais rápido e batucado.
Em Olinda, cidade onde a celebração com bonecos é reconhecida pela diversidade e criatividade, os foliões já criam seus personagens para comemorar o Carnaval de 2017. O presidente americano Donald Trump, o papa Francisco e até o cantor David Bowie figuram entre os ícones que têm suas imagens caracterizadas nos bonecos.
Já em São Luiz do Paraitinga e na cidade de Ouro Preto, a característica do bloco lembra mais as tradições portuguesas, com a utilização do tradicional casal de bonecões do Zé Pereira. Os bonecos são fabricados da forma mais tradicional possível: à base de papel, grude (cola caseira feita com farinha de trigo cozida em água e suco de limão), papel marché e taquara de bambu.
Segal ainda ressalta que a produção dos bonecos remete à essência dessa cultura popular: a organização de coletivos e grupos para a realização do carnaval. Ele diz que “não existe o bloco do Zé Pereira, ou qualquer tipo de cortejo popular, sem que haja a colaboração e a união de pessoas para que a festa aconteça”. Por mais que atualmente haja uma mecanização do carnaval, ele ainda é feito de pessoas e, principalmente, pelas pessoas.
Na atividade realizada pelo Sesc, os participantes vão conhecer os folguedos populares e o carnaval de rua, criar personagens, construir as estruturas dos bonecos, esculpir as cabeças, pintar e cauterizar os manequins. No final, haverá um desfile com apresentação dos bonecos gigantes que foram criados.