Postado em 27/10/2016
Um dos precursores da fotografia moderna brasileira, German Lorca apresenta suas experimentações em exposição individual. Mostra, que esteve em cartaz no Sesc Bom Retiro e no Sesc Taubaté, chega agora ao Sesc Araraquara.
Contador de formação, Lorca teve seu primeiro contato com a fotografia enquanto estudava contabilidade. E foi um de seus colegas de classe, que trabalhava em uma loja de artigos fotográficos, que vendeu para German sua primeira câmera.
Entusiasmado com sua nova máquina, o filho de imigrantes espanhóis começou a fotografar os aniversários dos filhos, piqueniques, passeios e eventos de sua família. Um tio de sua esposa, atento ao novo interesse do jovem German, o incentivou a estudar fotografia e procurar um curso para sua formação.
Há mais de 70 anos, quando Lorca começou a buscar escolas de fotografia, os cursos oferecidos eram extremamente técnicos, porém German estava interessado em investigar as possibilidades da linguagem e uma das alternativas para discutir o tema, na época, eram os fotoclubes. Em 1947, Lorca entrou para o Foto Cine Club Bandeirantes, onde conheceu o artista Geraldo de Barros, que incentivou as experimentações feitas por German e pelo grupo de fotógrafos de sua geração. Entre eles estavam Thomaz Farkas e Eduardo Salvatore, que viriam a se tornar, ao lado de Lorca, os precursores da fotografia modernista brasileira.
Logo, a fotografia passou a ser o ofício do artista, que, influenciado pelos seus colegas fotoclubistas, aplicou suas experimentações também no seu trabalho com publicidade e posteriormente nos registros em cores.
O artista, de 94 anos, realizou fotografias para os mais variados contextos alcançando resultados que denunciam sua capacidade de propor, para além do registro da imagem estática e das histórias que o momento captado pode sugerir, discussões sobre a linguagem, uma premissa do modernismo que está impregnado em sua obra fotográfica.
Com curadoria de Eder Chiodetto, e organizada em módulos que nomeiam a exposição, Arte Ofício/ Artifício coloca em uma linha do tempo as fotografias de Lorca desenhando conceitualmente os desdobramentos de sua pesquisa. No módulo Arte, a investigação da linguagem se apresenta através do experimentalismo e a fotografia extrapola as possibilidades do registro formal em preto e branco. Em Ofício, a fotografia como laboro de Lorca aparece na mostra. Atento às necessidades do mercado de publicidade que crescia nos anos 1950 em São Paulo, German inaugurou seu estúdio de fotografia e passou a realizar trabalhos para marcas de renome que podem ser vistas na exposição. Por fim, no módulo Artifício, Lorca apresenta pela primeira vez seus experimentos em cores. Realizados desde a década de 1970, esta parte da exposição revela como German continua atento às novas possibilidades da linguagem e reafirma a atemporalidade de sua obra.
“As coisas acontecem e você faz as coisas acontecerem. Fazer acontecer é produzir uma foto e quando acontece você tem que estar com a máquina pronta no momento, como dizia o francês [Henri] Cartier-Bresson ‘o minuto decisivo’, mas eu digo o seguinte, você faz acontecer a foto, você constrói a foto” - German Lorca.
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Sesc ao pé do ouvido
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Bom para acompanhar você quando estiver correndo, com saudade do Angeli e do Laerte dos anos 80 e outras cositas más. Chega mais!