Postado em 26/09/2016
Eu não sou gênio, eu sou trabalhador”, comenta Tom Zé em entrevista ao Sesc Pompeia. Incansável, já que prestes a completar oitenta anos, acorda as cinco da manhã para armar e desarmar letras e arranjos de seu novo álbum Canções Eróticas de Ninar, lançado no teatro da unidade nos dias 8 e 9 de outubro (venda de ingressos a partir do dia 27/9, aqui).
Fazer um CD dedicado a ação do mundo, o sexo em sua multiplicidade de ansiedade, curiosidade, horror e segregação, não é tarefa para principiantes. “Só agora aos oitenta anos eu tive coragem de fazer esse trabalho”, diz.
Em 13 faixas autorais, com títulos provocativos como “Sobe Ni Min” e “Orgasmo Terceirizado”, Tom Zé faz mexer o mais tímido dos ouvintes. “Todas as faixas foram feitas para dançar”. A variedade de instrumentos, como triângulo, afoxé, samplers, cavaco e berimbau, além do coro de vozes presente em diversas canções, suavizam as letras bem humoradas, que cativam a primeira ouvida.
“A maior dificuldade foi não ofender a mulher em nada. Porque a coisa mais fácil do mundo, quando se trata de sexo, é botar a mulher em uma situação de inferioridade”, comenta. Apesar de antenado nas questões atuais, como a autonomia feminina e a pauta LGBT, Tom Zé é autocrítico: “Compor é bater na faca de ponta até que a faca perde a habilidade de furar a mão, e eu perco a mão, muitas vezes”.
As canções são todas inéditas, com exceção de “Por Baixo”, regravada por Gal Costa, mas com outra energia na voz de Tom Zé. Ansioso pelo lançamento do disco, ele confessa "O Sesc me ajudou muito, é uma coisa do coração, de outras matérias sutis. Eu entendo de falar de sexo, de matérias mais sutis, não."