Postado em 11/08/2016
Processos culturais & convergências tecnosociais
	Estabelecer momentos revolucionários ou determinar pontos de inflexão
	em processos históricos geralmente é uma tarefa bastante difícil. Apesar disso,
	parece-nos que um dos fatores mais relevantes na mudança tecnocultural
	dos últimos anos seja a confluência entre o estabelecimento/popularização das
	redes telemáticas P2P e as tecnologias digitais. As redes P2P (peer to peer,
	ponto a ponto) são umas das principais características da internet. Trata-se,
	basicamente, de uma arquitetura de redes de computadores na qual cada um
	dos pontos (ou nós) da rede desempenha funções tanto de “cliente” quanto de
	“servidor”, possibilitando compartilhamentos de serviços e dados sem a necessidade
	de um servidor central.
	Com a possibilidade de serem configuradas
	em diversos lugares – em casa, nas empresas e, principalmente, na Internet
	– as redes P2P logo se tornaram imensamente populares e presentes no cotidiano
	das sociedades. Na internet, essas redes podem ser utilizadas para
	compartilhar músicas, vídeos, imagens, dados, enfim, qualquer conteúdo em
	formato digital. A concepção de regimes de compartilhamento baseados em
	padrões de reciprocidade e solidariedade decerto não é nova – remonta, no
	mínimo, às observações de Marcel Mauss e Karl Polanyl sobre o tema. Por
	outro lado, as possibilidades abertas pelas tecnologias trouxeram novas percepções
	que transformaram as antigas noções de compartilhamento.