Postado em 16/06/2016
*Por Ivan de Stefano
Nos dez primeiros meses do ano passado, foram registradas mais de 63 mil denúncias de violência contra a mulher no Brasil, o que corresponde a um relato a cada 7 minutos no País. Entre estes registros, levantados por meio do número 180 e divulgados pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), 85% dessas mulheres foram agredidas fisicamente, dentro de suas próprias casas. Isso sem contar a violência psicológica, moral, sexual ou racial.
Junto às mulheres nessa violência descontrolada, estão os homossexuais. Dados do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos registram ao menos cinco casos de violência homofóbica todos os dias no Brasil. E o que esses dois levantamentos têm em comum? A intolerância, o preconceito e a falta de empatia.
Para que consigamos conviver em sociedade é preciso respeitar as diferenças. É preciso saber conviver! Mas, será que discutimos o bastante sobre esses dados alarmantes em sociedade? Ou só nos damos conta da agressividade e do ódio alheio quando nos deparamos com enorme atentado no exterior ou um revoltante caso de estupro espalhado em vídeo como troféu pelas redes sociais?
Apesar das sérias consequências sentidas pela humanidade ao longo dos anos, vimos crescer diariamente a vontade de ser ouvido. Se antes saíamos às ruas para expor nossas ideias, hoje temos como aliada uma nova forma de comunicação. Indo a favor dessas novas maneiras para levantar discussões, vimos crescer uma ferramenta poderosa no combate ao preconceito: a internet!
A velocidade com que a informação percorre as redes, a possibilidade de tecer comentários e opiniões sobre os mais diversos assuntos e a ação de gerar conteúdo individualmente podem se tornar poderosas ferramentas de educação e conscientização.
O surgimento dos Youtubers
Pessoas de todo Brasil e do mundo, antes anônimas, hoje constroem pensamentos e influenciam diversas pessoas na web. A partir daí, surgiu a classificação “Youtuber”, pessoas comuns, que criam seus canais na rede social Youtube para debater os mais diversos assuntos, sejam para nos fazer rir, expor seus talentos ou levantar discussões, se tornando grandes personalidades da web.
Apesar da Internet também transmitir mensagens de preconceito, a oportunidade de diálogo ainda supera o risco e a transforma numa grande aliada na luta contra a intolerância. Atualmente, em pesquisa realizada pela Google Brasil, das 20 personalidades mais admiradas no Brasil, 10 são youtubers, mostrando a força que esse canal de comunicação vem se tornando.
Durante o 9º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, representantes da própria rede social afirmam que o Brasil é o segundo país em consumo de vídeos on-line e Youtube já possui mais de um bilhão de usuários, quase um terço dos internautas. Público esse, mais forte com a juventude, importante fase de construção do pensamento, sendo necessário ouvir, discutir e refletir.
O Youtuber Danilo, com sua personagem Lorelay Fox, por exemplo, representa uma das primeiras Drag Queens Youtubers do Brasil, e arrebatou mais de 75 mil visualizações no vídeo "Gays são engraçados?", refletindo sobre os clichês instaurados ao público gay. Atualmente, ultrapassou os 100 mil inscritos no canal, número que dá aos youtubers uma placa de reconhecimento do próprio Youtube, igual os grandes cantores ganham após a venda de uma alta tiragem de CDs e DVDs.
Outro canal que presta um verdadeiro serviço em prol da desconstrução de pensamentos de intolerância é o Canal das Bee. Em seu vídeo “Masturbação Feminina”, aborda a liberdade sexual da mulher. Jessica Tauane é uma das personalidades do canal, que já ultrapassou os 200 mil inscritos.
O público que consome Youtube e que se apropria dele para expor idéias também vem crescendo na região santista. Uma das youtubers recentes é a publicitária Bruna Galvanese. Com menos de um ano de canal, já chegou a quase 2 mil visualizações no seu vídeo “Gorda pode namorar”, em que expõe o preconceito com a mulher que foge dos padrões de beleza.
Sendo assim, os youtubers aceitaram sair de seus cenários on-line e participar de uma roda de conversa interativa no Sesc Santos. Vamos falar sobre respeito às diferenças e o combate ao preconceito?
Ivan de Stefano é graduado em Comunicação Social pela Universidade Santa Cecília, atua no terceiro setor e audiovisual, como assessor de comunicação do Instituto Querô e da Produtora Querô Filmes. Trabalha como assessor de imprensa desde sua formação, em 2011, passando por assessorias de empresas privadas, no setor público e em produções audiovisuais.