Postado em 01/08/2001
"Eu ia para a escola
e, na volta, estudava e
tocava debaixo de um pé de manga. O meu grande
conservatório foi uma mangueira"
Do músico paraibano Sivuca, que se apresentou
em julho no Sesc Bauru
A
ópera de Nelson Rodrigues
No início de sua carreira, Nelson Rodrigues chegou a trabalhar como crítico
da temporada lírica em um jornal carioca. Porém talvez seja sua
atuação na editoria policial que tenha moldado a obra daquele
que é considerado o pioneiro da moderna dramaturgia brasileira. Percebendo
a assídua presença da trilogia "amor, sexo e morte"
tanto na obra rodriguiana como na ópera, o diretor Ricardo Guilherme
idealizou o espetáculo BIS, em cartaz durante o mês de julho no
Sesc Ipiranga. "A rejeição e os amores impossíveis
de clássicos como Madame Butterfly têm uma tipologia cabível
ao estilo de Nelson, que recorria obsessivamente a esses temas", explica
Guilherme.
De
bem com o Brasil
O programa Bem Brasil, transmitido aos domingos pela TV Cultura, completou em
julho seu décimo ano de existência. Para comemorar o aniversário,
o programa estréia novo cenário, nova vinheta e novo horário,
aos domingos, às 14 horas. Sempre apresentado pelo músico e ator
Wandi Doratiotto, o programa já levou mais de 500 artistas e cerca de
800 mil pessoas pelos lugares por onde passou. Ao longo dos 400 programas, apresentaram-se
músicos de todas as tendências musicais, de Chitãozinho
e Xororó a João Bosco, de Daniela Mercury a Mestre Ambrósio.
Desde maio de 1994, o programa é transmitido diretamente do Sesc Interlagos.
História
de Pescador
De 6 de julho a 5 de agosto, a piscina do Sesc Consolação se transforma
em um palco líquido para apresentar o espetáculo História
de Pescador, com a premiada Cia. Circo Mínimo. O espetáculo é
uma adaptação do livro O Velho e o Mar, clássico do escritor
americano Ernest Hemingway. Dirigida e concebida por Rodrigo Matheus, a peça
se vale de técnicas de circo e de alpinismo para apresentar ao público
um espetáculo belo e vigoroso. O diretor acredita que essa mescla tem
o potencial de revalorizar o potencial artístico do ator teatral. "A
aliança entre teatro e circo torna o ator novamente o herói, o
realizador de grandes feitos no palco", conclui.
"Nas últimas
décadas, tem se visto uma valorização muito grande da estética
no teatro. E o ator, diante disso, tem começado a perder parte de sua
importância"
Rodrigo Matheus,
diretor do espetáculo História de Pescador,
encenado na piscina do Sesc Consolação
Em
Família
Três apresentações do espetáculo Em Família
reuniram em julho, no Sesc Vila Mariana, alguns dos componentes da linhagem
mais nobre da música brasileira. Após seis anos, Paulinho da Viola
voltou a se apresentar ao lado do tradicional conjunto de choro de seu pai,
César Faria. Formado por Jacob do Bandolim, o Época de Ouro é
um símbolo da resistência do choro na música popular brasileira.
Assim como César, que assumiu a liderança do grupo após
a morte de Jacob, figuras emblemáticas, como Dino Sete Cordas e Jorginho
do Pandeiro, ainda fazem parte do conjunto. No espetáculo, Paulinho da
Viola e o Época de Ouro homenagearam os grandes compositores do samba
e do choro, através de arranjos inéditos.
Parceria
cidadã
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e o diretor regional do Sesc,
Danilo Santos de Miranda, em cerimônia realizada no mês passado
no teatro do Sesc Vila Mariana, deram início a mais uma parceria: o Programa
Recreio nas Férias. O projeto, realizado em 75 pólos da prefeitura,
teve como objetivo proporcionar um conjunto de atividades esportivas, recreativas
e culturais para 30 mil crianças de 7 a 14 anos, alunos da rede municipal
de ensino e crianças da comunidade em geral.
Multicultural Estadão
Uma homenagem ao geógrafo Milton Santos e discursos singelos marcaram
a entrega do Prêmio Multicultural Estadão 2001, dia 11 de julho,
no Sesc Pompéia. Os premiados na categoria criadores foram o escritor
e crítico teatral Sábato Magaldi, capa da edição
de julho da Revista E, o músico Tom Zé e o médico e escritor
Drauzio Varella. Na categoria de fomentadores, venceu a ialorixá do terreiro
Ilê Axé Opô Afonjá, mãe Stella de Oxóssi.
A noite foi marcada ainda pela abertura da exposição Território
Expandido 3. O tema deste ano é a arte eletrônica e, como nas edições
anteriores, homenageou os catorze indicados do Prêmio.
Medéia
Estreou no último dia 26, no Sesc Belenzinho, a adaptação
do diretor Antunes Filho para Medéia, texto de Eurípedes considerado
uma obra-prima do teatro trágico. O autor foi, provavelmente, o primeiro
dramaturgo grego a se interessar pelos problemas femininos, construindo personagens
complexas e ricas. Medéia é o arquétipo da mulher forte,
de paixões enérgicas que, traída por seu marido, planeja
a vingança.
Cambaio
Em julho encerrou a temporada de Cambaio em São Paulo. O espetáculo,
dirigido por João Falcão, com músicas de Chico Buarque
e de Edu Lobo e direção musical de Lenine, ficou quase três
meses em cartaz no Sesc Vila Mariana. As próximas paradas do espetáculo
são Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Curitiba,
Salvador e Rio de Janeiro.
Volta
ao Mundo em 80 Jogos
Uma viagem pela história do mundo através dos jogos é a
proposta da exposição A Volta ao Mundo em 80 Jogos, apresentada
no Sesc Consolação durante o mês de julho. Uma grande instalação
lúdica apresentou aos visitantes jogos de todas as partes do mundo e
de muitas épocas. Além de conhecer os jogos, os visitantes tiveram
também a oportunidade de jogar. "Só pelo fato de jogar, a
pessoa incorpora conhecimento sobre aquela civilização, sobre
aquele lugar", diz Maurício de Araújo Lima, diretor da Origem,
que prestou assessoria ao Sesc na montagem da exposição. Para
ele, os jogos refletem a personalidade de seus jogadores. "O Xo Dou Ki,
por exemplo, é um jogo chinês do século V baseado na filosofia
chinesa. Nele, cada animal, com sua particularidade, defende sua sobrevivência.
É um jogo de estratégia muito sutil", completa Maurício.
"Através
de cada jogo, se pode aprender sobre sua origem e seu tempo, independentemente
do olhar e da leitura. Através do jogo, se incorpora um pouco da forma
de ser e de pensar de quem o joga"
Maurício de Araújo Lima, diretor da Origem, que prestou assessoria
ao Sesc para a realização da exposição A Volta ao
Mundo em 80 Jogos
Hip
Hop DJ
O mais importante campeonato de DJs da América Latina, Hip Hop DJ, acontece
até o final do ano no Sesc Pompéia. Em julho, ocorreram as quatro
primeiras eliminatórias. Para a produtora Lady Chris, organizadora do
evento, dizer que o hip hop é música estrangeira é um argumento
velho. "O movimento já possui vinte anos no Brasil. São pessoas
que cresceram escutando Cartola, Candeia, Zeca Pagodinho. Essas são as
referências musicais para eles. Direta ou indiretamente, isso se reflete
em sua música".
Luz musical
Luz de Emergência é o nome do mais novo projeto musical do Sesc
Pompéia. Com um formato especialmente criado para combater a atual crise
energética do país, os shows acústicos acontecem em um
palco montado no centro da choperia, iluminados por candelabros, velas, lanternas
e lamparinas. Além disso, um cardápio preparado especialmente
para o projeto oferece pratos e bebidas que não utilizam energia elétrica
em seu preparo. A primeira atração do Luz de Emergência
foi a banda Karnak, que, em versão acústica, contou com a participação
da trupe circense Cia. Pavanelli apresentando performances de pirofagia, malabarismo
e perna de pau.
Festival
Internacional de Teatro
Um novo conceito de festival de teatro é o que pretende alcançar
o Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto. Com
a promoção do Sesc São Paulo e da Prefeitura Municipal
da cidade, espetáculos, oficinas, performances e debates tomaram os palcos,
praças e ruas da cidade. Grandes nomes do teatro nacional e internacional,
como o japonês Yoshi Oida, Gerald Thomas, Michel Groisman e Paulo José,
participaram do evento com suas peças. "O festival não é
simplesmente uma vitrine de espetáculos, é também um espaço
para discutir idéias relacionadas ao universo do teatro", conta
a produtora executiva do evento, Flávia Carvalho.
Humanismo
sem fronteiras
Um dos principais geógrafos brasileiros, o professor Milton Santos, falecido
em junho passado, foi um importante colaborador do Sesc São Paulo no
desenvolvimento de diferentes atividades. Destacam-se, entre elas, a pesquisa
Empregabilidade no Lazer, a consultoria científica ao V Congresso Mundial
de Lazer, além de palestras e conferências em várias unidades.
Expoente do pensamento humanista brasileiro, teve toda sua extensa obra, mais
de quarenta livros, publicada no Brasil e no exterior, voltada para o estudo
das relações entre o homem e o espaço físico.
"É necessário
abrirmo-nos a outras soluções, fundadas no tripé: Território,
Cotidiano, Cultura. Gente junta, que cria trabalho. Gente reunida é produtora
de economia, criando, conjuntamente, economia e cultura. E sendo produtora de
cultura, também é produtora de política."
Milton Santos - 1926 - 2001
A
dança de Cora Coralina
Nos dias 25 e 26 passados, o Diretor Regional do Sesc de São Paulo, Danilo
Santos de Miranda, atendendo a convite da Fundação Ford, integrou
o grupo de trabalho destinado a estudar a criação de um Fórum
Mundial de Cultura. Realizado na sede do órgão, em Nova Iorque,
o encontro discutiu, entre outros temas, estratégias para congregar as
infra-estruturas sociais e ecnômicas e enfrentar os desafios do desenvolvimento
da ação cultural no cenário atual de rápidas mudanças.
Ele tem como objetivo oferecer uma plataforma global onde os pontos críticos
das artes e cultura possam ser discutidos pelos grupos interessados.
Sesc
no centro
O presidente do Conselho Regional do Sesc de São Paulo, Abram Szajman,
acompanhado do diretor regional da instituição, Danilo Santos
de Miranda, oficializaram com a prefeita municipal, Marta Suplicy, a aquisição
do prédio da antiga Mesbla, na região central da cidade. No local
será instalado um centro cultural e desportivo, totalizando quase 19
mil metros quadrados de área construída. "É a maior
concentração de comerciários e empregados de empresas de
serviços do país", afirma o diretor regional do Sesc São
Paulo, referindo-se à região
Frases
"Quando tinha 15 anos, fiquei para segunda época na escola. Deveria
estudar os livros, mas o lado comunista de minha família sempre me dizia
para ler Os Sertões, de Euclides da Cunha. Comecei a ler, achei a primeira
parte muito difícil, mas quando cheguei ao Homem, mudei minha maneira
de ver o mundo e me tornei um analfabeto convicto. Perdi o ano, mas foi a partir
daí que comecei a ganhar o Multicultural".
Tom Zé, na noite de entrega do Multicultural Estadão, em julho
no Sesc Pompéia
"A poética
do silêncio marcou profundamente todas as artes do século 20, mas
principalmente a arte moderna"
Sônia Salzstein, professora de história da arte da USP e
crítica de arte, no ciclo de encontros Ensaios sobre o Silêncio,
no Sesc Belenzinho.
"Me senti tão
bem como se estivesse em Santa Bárbara. Parecia que eu era jovem de novo.
Até esqueci que tinha 83 anos"
Roldão de Oliveira, escultor, sobre a abertura de sua primeira exposição
na capital, no Sesc Carmo
"O disco é
uma enxurrada de idéias, soluções musicais e maturidade
artística. É só ouvi-lo para entender por que seu disco
The Best of Tom Zé foi considerado pela revista Rolling Stone um dos
dez melhores da década"
Do maestro Júlio Medaglia sobre o mais recente disco de Tom Zé,
que se apresentou em julho no Sesc Pompéia.