Postado em 01/06/2016
“Eu tenho essa necessidade, eu crio como necessidade.”
É com essa frase que o multiartista pernambucano Helder Vasconcelos explica a trilogia de solos que compõem a ocupação homônima, em cartaz no Sesc Pompeia até o dia 19 de junho. Misturando linguagens como música, dança e teatro, o artista constrói uma narrativa baseada em um fio condutor pessoal: sua necessidade de criar.
Apesar de ser conhecido por sua carreira no grupo musical Mestre Ambrósio, Helder tem formação em teatro e dança. Sua primeira montagem Espiral Brinquedo Meu (2004) nasceu da vontade de aflorar esse outro lado. “Antes até mesmo de eu sair do Mestre Ambrósio, eu precisava canalizar esse impulso, aprofundar o pensamento da dança e do teatro. Então o Espiral é muito isso, alguém que tem um contexto de música, e que mergulha no universo das artes cênicas” explica ele.
O segundo espetáculo, Por Si Só (2006), foi a continuação do mergulho interior do próprio artista, expressado através da dança. Assim como em Espiral Brinquedo Meu, a montagem é um solo. “É como se você mergulhasse em você, e quanto mais você mergulha, mais você começa a ver que aquilo que você tá encontrando tem a ver com você e com ele. Por isso você precisa mostrar, afinal a arte é coletiva” diz Helder.
A trilogia de apresentações da Ocupação Helder Vasconcelos se completa com o CD Sambador, deste ano. Esse retorno as origens musicais foi um processo repleto de dúvidas do artista: “Como é isso? Como que faço isso depois desse mergulho nas artes cênicas?” questiona. A mistura entre linguagens resultou no espetáculo Eu Sou, que marca o lançamento do álbum e que, ao contrário de um show convencional, apresenta elementos cênicos. “É um espetáculo, cujo a música é o fio condutor. Ai tem a expectativa de como isso vai acontecer com a plateia, eu não faço a mínima ideia” comenta Helder.
Nas palavras do artista, “Quando você vai apresentar para o público você pode escolher um fio condutor para dizer aquilo que você quer dizer. Esse mesmo impulso criador pode ser conduzido mais pelo teatro, mais pela música ou pela dança. Embora nos três espetáculos tenha música, dança e teatro. Por isso eu gosto de falar fio de condutor. Vamos juntar isso num mesmo lugar, e ainda complementando com as atividades formativas”.
A oficina Pulso Presença e a palestra A Dança do que Somos apresentam os princípios básicos do trabalho de Helder: “O conteúdo das atividades formativas são princípios do Cavalo Marinho e Maracatu Rural, que são minhas formações. O que eu faço nos espetáculos não é Cavalo Marinho, e nem Maracatu Rural, mas como sou dessas tradições, ao longo dos anos fui descobrindo princípios que regem esse fazer”. O artista também comenta da decisão de direcionar essas atividades a todos os públicos: “Eu quis abrir, foi uma escolha minha não fazer só pra músico, ator e dançarino. Eu acredito que esse fazer pode ser usado em qualquer contexto”.