Laços etários
Conflito e cooperação entre gerações discute inciativas para aproximar jovens e velhos
Reflexo de uma combinação de fatores que permite às pessoas prolongar o seu tempo de vida, o número de idosos no país tem aumentado sensivelmente nos últimos anos. Segundo dados do IBGE, a porcentagem de crescimento da população brasileira com mais de 65 anos passou de 5,9% no ano 2000 para 7,4% em 2010. No intervalo dessa mesma década, a expectativa média de vida saltou de 66 para 74 anos. Esses números revelam uma realidade que tende a se manter para o futuro: a presença dos idosos no contexto social é cada vez maior, assim como inevitavelmente será sua interação com as gerações anteriores.
Procurando analisar os entraves e as contribuições existentes na relação entre pessoas de diferentes idades, o especialista em gerontologia José Carlos Ferrigno coletou dados no período de 2006 a 2009, em instituições que fomentam programas intergeracionais. Este trabalho, realizado para a sua tese de doutoramento na Universidade de São Paulo, pode ser conferido no livro Conflito e cooperação entre gerações, publicado pelas Edições Sesc São Paulo. Nele, Ferrigno buscou estruturar as causas, os efeitos e as circunstâncias do conflito e da cooperação entre jovens e velhos, reunindo elementos para aperfeiçoar métodos de aproximação entre as gerações a partir de ações socioculturais.
A obra debruça-se sobre o papel do agente cultural como um facilitador de processos educativos e mediador de conflitos, dentro das instituições que permitem e aguçam a convivência etária nos espaços de sociabilização, sobretudo nas unidades do Sesc. Decorrentes das diferenças inerentes a cada geração, o tratamento dado a esses conflitos não está no sentido de evitá-los, mas sim de transformá-los no ponto de partida para o diálogo. Posto que as diferenças são inevitáveis, a coexistência entre conflito e integração é salutar, na medida em que são capazes de gerar a ampliação do universo cultural dos indivíduos envolvidos neste processo. Imputado a ele está a troca de saberes e de afeto que aproximam as gerações, permitindo um convívio que confere experiência aos mais novos e reconhecimento aos mais velhos.
Como agente promotor desse diálogo, o Sesc celebra em 2013 a permanência de algumas ações voltadas para a inclusão social dos idosos e para a convivência etária. Completando dez anos de existência, o programa Sesc Gerações promove atividades que tem como objetivo possibilitar a coeducação entre pessoas de todas as idades. Há também a comemoração pelos 25 anos da revista A Terceira Idade, periódico quadrimestral que veicula trabalhos técnicos e científicos sobre gerontologia. Comprometido com a valorização do idoso para o exercício pleno de sua cidadania, o Trabalho Social com Idosos chega aos cinquenta anos. A toda essa experiência soma-se a publicação de Conflito e cooperação entre gerações, uma obra que procura dar respostas sobre o que pode ser feito para aproximar velhice e juventude no âmbito da ação socioeducativa.
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Trecho do livro
