Sesc SP

postado em 01/07/2013

A cultura como objeto de política pública

Politica-cultural

      


Textos tratam de questões relativas à gestão cultural e dos aspectos econômicos desta área

 

No Brasil, a preocupação com políticas públicas voltadas à área cultural remonta ao começo do século XX, quando o escritor Mário de Andrade assumiu o Departamento de Cultura da Municipalidade de São Paulo, de 1935 a 1938. Na direção do que hoje seria o equivalente à Secretaria de Cultura, o autor de Macunaíma promoveu iniciativas que visavam a democratização do acesso à cultura, fosse ela popular ou erudita.

Seis décadas depois, a partir dos anos 1990, a gestão pública de cultura no país seria marcada por muitas transformações. Passada a devastação provocada pela administração do ex-presidente Collor, Fernando Henrique Cardoso assumia o comando com uma orientação neoliberal, apelando a incentivos fiscais para viabilizar parcerias com a iniciativa privada. No governo Lula, com maiores recursos orçamentários, o já reestabelecido Ministério da Cultura enriquecia sua agenda com uma discussão pública da política cultural, da inclusão social e das manifestações populares.

“Nessa década e meia de estabilidade político-administrativa emergiu a consciência da necessidade de indicadores que, entre outros fins, quantificassem o setor”, anota José Carlos Durand em seu livro Política cultural e economia da cultura (Edições Sesc São Paulo | Ateliê Editorial). Professor titular de Sociologia e coordenador do Centro de Estudos da Cultura e do Consumo da Fundação Getúlio Vargas, Durand chama a atenção para o fato de que a escassez de estatísticas culturais começou a ser removida, tornando possível se pensar em economia da cultura. O especialista toma como base experiências de países como França, Inglaterra e Estados Unidos para se pensar as relações entre governo, sociedade civil, comunidade artística, público receptor e mundo coorporativo.

Neste livro, José Carlos Durand trata de diversos assuntos, como a formação profissional para a gestão cultural, a presença do Estado no domínio cultural, formas de financiamento, o patrocínio privado, a crítica de arte, o papel estratégico das premiações, o comportamento de consumo, a necessidade de estatísticas e indicadores, a importância da economia da cultura como disciplina, entre outros. A experiência estrangeira aparece como contraponto nesta antologia que procura contribuir para a construção da memória das políticas culturais no Brasil, reunindo textos escritos entre 1995 e 2010.

Na apresentação da presente edição, Valmir de Souza - pesquisador e consultor de políticas culturais do Instituto Pólis - observa que “os textos desse livro dialogam com outros autores, desenvolvendo um jogo cultural denso, driblando e passando a bola, apostando no compartilhamento de dados e informações, sem deixar de explicitar os conflitos da cena contemporânea.” Com uma linguagem clara, a presença desta publicação na biblioteca de pessoas interessadas em compreender a fundo os mecanismos da gestão cultural é mais do que recomendável, é uma necessidade.

 

Veja também:

:: E-Online | “Reflexões econômicas são importantes para pensar processos culturais, o que é indispensável para sabermos como devemos gastar melhor o dinheiro nas diversas áreas, como cinema, teatro e daí por diante”. Entrevista com José Carlos Durand.

:: Trecho do livro

 

 

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